terça-feira, 2 de junho de 2009

Brasileiro registra apreensão em turbulências de vôo a Paris


Lúcia Jardim


Direto de Paris

Fonte: Terra notícias


Foi tranquilo o segundo vôo Air France que aterrissou na França vindo do Brasil depois que o vôo AF 447, que ligava o Rio de Janeiro a Paris, desapareceu na madrugada de ontem. Apesar de alguns passageiros relatarem ter sentido apreensão durante o trajeto, praticamente idêntico ao do AF 447, as poucas turbulências não parecem ter tirado o sono dos brasileiros que aterrissaram às 12h (7h em Brasília) no aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, vindos de São Paulo.


"É claro que a cada vez que dava uma turbulência, todo mundo se olhava e ficava um clima silencioso de 'será que está tudo bem?'. Foi uma sensação esquisita o tempo todo, era impossível não pensar no acidente", disse o jovem Rafael Nadrus.


Ele relatou que o passageiro sentado ao seu lado escapou por pouco do vôo AF 447. Ele só não conseguiu pegar o vôo desaparecido, conforme previsto, porque teve um acidente de trânsito no domingo e acabou se atrasando. Este passageiro estava em conexão em Paris e portanto não desembarcou no aeroporto parisiense.


Casal "escapa" de AF 447
Por situação semelhante passou o casal Carla Schnitzius, 31 anos, e André Deboni, 26 anos. Recém-casados, em cerimônia realizada no último sábado, eles deveriam ter embarcado no vôo AF 447 com destino final em Atenas, onde passariam a lua-de-mel. No entanto, Deboni acabou convencendo a mulher de adiar a viagem em um dia para que os dois pudessem descansar da festa de casamento.


"Devo a minha vida a ele! Quando soube do acidente, fiquei gelada, porque nós poderíamos perfeitamente ter embarcado no vôo de ontem", conta Carla, ficando ainda mais surpresa quando soube que um casal de gaúchos, acompanhado da filha, faria o mesmo trajeto até Atenas e acabou entrando no Airbus 330 que desapareceu.


A empresária conta que por nenhum momento a companhia aérea se referiu ao suposto acidente ocorrido na véspera. "Nem no check in, nem durante a viagem, nem aqui. Como se nada tivesse acontecido", lembra. "Mas eu acho que prefiro assim, senão todo mundo teria ainda mais o acontecimento na cabeça durante o trajeto."


O primeiro vôo da Air France vindo do Brasil depois da tragédia foi um proveniente do Rio de Janeiro, que aterrissou na capital francesa às 8h10 (3h10 em Brasília). O vôo regular AF 447, que chega às 11h10 (6h10 em Brasília), não é previsto nas terças-feiras.


Hoje pela manhã, a Air France promoveu uma missa católica em lembrança às vítimas na capela do aeroporto francês. Uma nova missa está prevista para acontecer amanhã na catedral Notre Dame de Paris.


A companhia, no entanto, não se pronunciou à imprensa. A lista dos passageiros franceses não deve ser divulgada, conforme a legislação francesa, a menos que a companhia obtenha uma autorização extraordinária do procurador da República. Os familiares dos passageiros estão hospedados em hotéis próximos ao local, e continuam sendo preservadas do assédio dos jornalistas.


O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).


De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.


Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.


A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).

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